No mínimo um filme interessante, seguindo o padrão de filmes de heróis americanos, entretanto um tanto frustrante para as minhas expectativas.
Assisti Black Fox sexta a noite, e posso dizer que valeu a pena. Como já falado no post "Blackfox, o que esperar?", o anime se passa em uma cidade futurista, com a personagem Rikka sendo filha de um grande cientista e futura herdeira do clã ninja Isurugi. Após a um ataque a sua casa, a protagonista tenta vingar o seu passado.
Sendo assim, Black Fox é um anime muito focado em ação, contendo algumas cenas dramáticas e outras de humor. Temos que ter em mente que esse anime tem 1:30 de duração, ou seja, seria algo equivalente a 4 episódios de um anime da temporada.
Personagens principais
Rikka Isurugi:
Protagonista que sonha em ser uma cientista como seu pai.
Allen Isurugi:
Pai da Rikka, cientista, desenvolvedor de 3 animais com inteligência própria.
Hiyooei Isurugi:
Avô de Rikka e chefe do clã ninja Isurugi.
Mia:
Torna-se amiga da Rikka, e possui uns poderes bem interessantes, oriundos da pesquisa de seu pai.
Melissa:
Tem grandes cenas cômicas, mas uma
revelação bem inesperada no final. Divide o quarto com Rikka.
Lauren:
Pai da Mia, grande vilão do filme, adquiri poderes através das pesquisas com a sua filha. É ex-colega de Allen.
Harold Berkeley:
Personagem que não foi tão explorado a fundo nesse filme, entretanto possui um grande potencial para o futuro. É chefe da empresa e ex-colega de Allen.
Enredo
O filme possui uma trama interessante, por mais que não seja a mais original. Uma garota filha de um cientista, herdeira de um clã ninja, o que poderia dar errado?
Black fox apresenta uma narrativa muito parecida com as de heróis vindos de Hollywood. Temos um início que você cria uma grande empatia com a protagonista, uma garotinha fofa que treina com seu avô, admira seu pai e conversa com as criações de seu pai, três robôs, uma águia, um esquilo voador e um pastor alemão.
Esse início, por mais que não tenha nenhuma novidade em relação de história, traz uma empatia entre você, que está assistindo, e a garotinha, que é teimosa, alegre, sorridente como muitas crianças nos animes. O sonho dela em tornar-se uma grande cientista como o pai, enquanto o avô insiste em tentar fazer ela aceitar o futuro dela como sucessora do clã cria uma situação de uma futura tomada de decisão legal. Essa parte finaliza com um pequeno gancho para o que vem, o pai finaliza angustiado em dizer que as pessoas da foto eram amigos do passado.
O primeiro clímax do anime, a primeira cena tensa é da invasão da casa do clã (o laboratório do pai fica no subterrâneo da casa). Rikka, crescida, após chegar em casa se depara com a sala cheia de sangue. A cena na sala do pai tem pontos muito bons. Como já era previsto os dois da foto estavam lá, mas o da direita foi a grande surpresa. Ele havia como projeto dentro da empresa, sua filha, e pelo o que vimos ela era bem over powered. Seu pai e seu avô morrem, mas a morte do pai rendeu uma cena que eu dificilmente havia visto antes. A direção da câmera foi excelente. O careca ficou do lado de fora, apenas comandando as tropas que fizeram o cerco do terreno.
Pulando uma boa enrolação no meio do anime, vemos a guria em ação. A forma que ela obtém informações do seu alvo, um engenheiro bélico, jogando-o do prédio e segurando ele com suas kunais mostra o quanto ela é treinada, sempre usando seu uniforme preto e uma máscara de raposa negra, a mesma de seu avô.
Entretanto teve uma cena que me incomodou muito. Enquanto ela tirava fotos do prédio da corporação que roubou os dados de seu pai no ataque, ela conhece uma garota, Mia, que estava dentro do cercado do prédio. Elas jogaram xadrez através de uma grade, uma cena que me lembrou muito O Menino do Pijama Listrado. Mas o que realmente soou esquisito, era justamente a Mia. Você teve a cena da morte do pai há uma meia hora. Do nada, aparece uma pessoa com o mesmo cabelo que a filha do cientista que atacou o laboratório do pai. Nada suspeito? Ainda mais dentro do terreno super protegido dessa empresa e ela age falando sempre do pai dela, que ela não tem uma diversão como essa há muito tempo... Acredito que podia ter sido muito melhor esse trecho.
Depois disso, nossa protagonista tenta destruir todo o arsenal dessa indústria, com os mechas desenvolvidos com a tecnologia de seu pai. Nisso, ela cai em uma emboscada e advinha... Era a guria que tinha atacado seu laboratório. UAU, uma garota quase idêntica a Mia, dentro do mesmo prédio que elas jogaram xadrez naquela tarde.
Elas lutam, o pai participa também, entretanto achei engraçado quando a Rikka deixa sua máscara cair. A garota percebe o rosto familiar e hesita em lutar contra ela. Quando Rikka parte para cima e derruba a garota, a máscara da filha do cientista cai no chão e temos um plot twist... A garota era a Mia.
Pelo menos a Mia também teve um desenvolvimento bom. Seu passado onde quando criança era zoada na escola pois seu pai havia a modificado para ter super poderes, queria apenas a atenção do seu pai, e o mesmo apenas via ela como um produto em desenvolvimento na empresa, mas como sabia da dependência emocional da sua filha, a chantageava com palavras bonitas.
O pai da Mia explode todo o local, e Rikka acaba salvando ela. Quando chegam a um lugar seguro, a Black Fox tenta matar Mia, mas hesita, pois provavelmente se lembra da tarde jogando xadrez. Zero two (sim, temos esse no anime, Darin), o pastor alemão conversa com ela, falando que ela não devia matá-la. Ela diz que deveria vingar sua família, mas o cachorro diz que não tem como saber se é realmente isso que seu avô quer. No final ela desiste, mas fica se lamentando falando que é fraca, e por isso não havia feito.
Quando voltam para o apartamento da Rikka, reencontramos uma personagem que dá bons momentos cômicos. Melissa, a garota fan service. A que mantém você otaku assistindo, pois você sabe que o humor japonês tem suas peculiaridades, como uma garota se atrapalhando na cozinha.
Falando em cozinha, parecia que estava vendo um episódio de Shokugeki no Souma. Por que todo anime tem que ter uns prato bonito? Sempre bate uma fome quando estou assistindo, ela preparando os pratos são cenas prazerosas, como em qualquer anime. E também entra a questão do humor, ela se atrapalhando com as panelas, tudo ficando pronto na mesma hora e ela não consegue decidir o que fazer, dei boas risadas nesses momentos. É uma personagem divertida.
Entretanto, outra cena que me incomodou foi a seguinte. Quando Melissa se corta, ela se afasta de Mia e fica encarando ela como se tivesse tentando matá-la. E Rikka que observou essa cena já achava que a Mia tinha ido para cima da Melissa. No final a Mia apenas diz, tem um kit médico, e a tensão se passa. Eu achei uma cena muito desnecessária, pois além de quebrar o ar cômico, não deu NENHUMA continuidade, ou seja, não havia necessidade.
Indo para o final, temos a invasão da casa pelo robô. O que eu tinha assistido? Foi uma cena bem feia na CG. E a forma que o pai da Mia conseguiu as informações dela, foi uma coisa tão esquisita. Ela simplesmente deu tudo para ele, sem nem ao menos questionar se ele realmente se importava com ela, pois ele havia explodido o prédio que ela estava dentro.
Rikka sai voando com a águia até a casa onde morava com sua família. Ao chegar lá, preparou uma armadilha para o mecha. Virou ele de ponta cabeça e enfiou sua katana no ventre da carcaça, o que resultou em seu desligamento. Entretanto, o cientista consegue usar a máquina que usava em sua filha para passar os poderes para si mesmo, e nisso temos o início da luta final.
O senhor chega explodindo a casa em que estavam, e a Mia protege Rikka contra seu pai. A Isurugi desse ao laboratório do seu pai, onde encontra um vídeo que seu pai e seu avô haviam gravado para seu aniversário, que foi no dia do ataque. Seu avô que sempre exigiu que ela fosse herdeira, havia decidido que ela poderia escolher por qual caminho seguir, e disse que os Isurugi chegavam a matar para completar seus objetivos, mas isso era apenas uma desculpa, pois eram fracos, mas ela era diferente, ela tinha a coragem que seus antepassados não tinham. Assim, ela encontra a armadura da Black Fox, uma versão mais desenvolvida, e decide ajudar Mia em combate.
Rikka salva sua amiga quando o pai dela tenta jogar um poder nela e consegue amarrar o cientista e jogá-lo em uma casa. Temos uma cena de protagonismo onde Rikka tem uma certa "facilidade" em derrotar o antagonista. Porém, quando Mia mais uma vez foi abraçar seu pai e pedir desculpas, seu pai botou uma coleira que controlava suas ondas cerebrais. Essa cena foi boa, pois eu estava achando o anime bem previsível até então, mas eu não contava com isso.
Temos uma cena de luta muito boa entre a Rikka e a Mia, ambas usando o máximo de si. No final, Rikka ganha através do famoso protagonismo, mas foi uma cena que me entreteu bastante. No final do anime temos o discurso do outro cientista, o careca, que diz que vai proteger a cidade, que vai pagar pelos danos causados pelo mecha, e vemos o quão popular ele é entre os cidadãos, por ser o dono da empresa.
A noite, começamos a ter um gancho, onde ele reconhece Melissa, como se fosse uma espécie de projeto (não faço ideia do que pode acontecer).
E as três, a Rikka, Mia e a Melissa (não, eu não to entendendo isso até agora), vão invadir a fábrica para tomar a pesquisa do pai da Rikka, e também para acabar com o arsenal da empresa. Faz um bom gancho para a continuação, mas vai tudo depender do sucesso do anime.
O estúdio 3 Hz
O estúdio 3 Hz foi fundado em março de 2013, ou seja, há 6 anos, e durante esse período, tiveram 16 projetos catalogados no MAL (My Anime List). Devido ao fato de ser novo, é difícil montar uma staff boa, ter diretores consistentes pois tudo está em seu início. Já produziram uma temporada para um anime muito forte, no caso Sword Art Online Alternative: Gun Gale Online. Seus títulos mais populares são Princess Principal, Sora no Method, Flip Flappers e Dimension W, tendo agora o Black Fox. Nessa temporada está produzindo Rifle is Beautiful, e ano que vem A3!. É um estúdio que tem um longo tempo de aprendizagem pela frente, mas acredito que fizeram um bom trabalho no filme pela experiência.
Animação
Após essa temporada de verão que tivemos um Shounen como Kimetsu no Yaiba, e ainda mais nesse ano, que tivemos atack on Titan Season 3 Parte 2, Yakusoku no Neverland, Fire Force, e ainda teremos Boku no Hero 4, além de outros que foram bem animados, falar sobre qualidade das animações é meio complicado. Nos últimos anos a parte visual só vem melhorando, e se for para fazer uma comparação direta com esses animes super bem animados, a animação de Black Fox fica abaixo da média. Entretanto, se não compararmos com esses animes que possuem um grande investimento, podemos dizer que a animação é razoavelmente boa. Me lembrou um pouco a animação de naruto, meio torto algumas cenas mas onde precisa é bom. As lutas são boas, os cenários são legais, o design dos personagens. por mais que não seja algo único, combina bem com os personagens.
Entretanto, tem uma coisa que simplesmente me agoniou em todo o anime, a CG. Infelizmente foi MUITO FEIO, e fica nítido no anime o que era CG. Não combinava com os traços do cenário, ficava saltado, parecia massinha de modelar. As multidões, os robôs, carros, toda a computação gráfica doía e muito. Eu daria uma nota 6/10.
Conclusão
Dito tudo isso, posso dizer que o anime é, sim, bom. Vale a pena assistir, entretanto acaba sendo bem previsível em certas partes. Caso haja uma continuação e vire uma franquia de filmes, ou pelo menos tenha a parte 2 devido a esse gancho no final, pode ser um anime que fique bem popular. A trilha sonora não foi tão complexa, mas foi bem utilizada, não tenho o que reclamar, posso dizer que a direção de áudio foi boa, apenas não acho que tem muita coisa para falar sobre ela, então fica nesse adendo. No geral, foi uma experiência muito boa se comparada a 4 episódios de anime. Posso dizer que a 3 Hz fez um trabalho interessante, ainda mais por ser original.
O que me deixa muito feliz é que esse anime estreou no Brasil um dia antes no Japão, e acredito que tenha sido a primeira vez na história que um anime estreia no Brasil no mesmo mês que no Japão. Tenho que agradecer a Crunchyroll por ter botado esse filme em catálogo, e espero que continue trazendo filmes do Japão para nós americanos.
Desculpem a demora para postar, estava pensando no que escrever para essa análise, acredito que fui um pouco duro, mas eu realmente estava com as expectativas mais altas para esse anime.
Obrigado pela leitura!
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