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Foto do escritorRafael Eijy Ishikawa Raso

Kimetsu no Yaiba (Uma sinopse sem spoilers)

Atualizado: 29 de out. de 2019

O último episódio chega nesse sábado, 28/09, e simplesmente é um anime que é difícil explicar o por quê de eu ter gostado tanto dele. Se você ainda não assistiu, recomendo que tire um tempo no seu final de semana e faça uma maratona desse anime, são no total 26 episódios, contando com o desse sábado, é um dos melhores Shounens que eu já vi, e sem dúvidas o melhor dessa temporada de verão.



O que faz ele se diferir dos outros? Primeiramente, a arte. É um traço característico desse anime, muito diferente dos demais, da até pra fazer uma referência a Jojo por esse aspecto, já que o mesmo tem traços bem peculiares. Além disso, o CG que a Ufotable implementa nesse anime é muito bem feito na parte de cenários (se bem que tiveram umas cenas que doeram pacas quando eles botaram CG nos personagens em algumas cenas de ação). Simplesmente tem cenas de tirar o folego, minha vontade enquanto assistia era a de simplesmente pausar algumas cenas parar tirar uma print da tela e usar como wallpaper do computador ou do celular. Eram obras de arte que se moviam na tela.



Em segundo, nós temos o roteiro. A história segue bem a fórmula do Shounen, onde durante semanas ela seguiu a fórmula do Boss da semana, sempre um Oni diferente para ser morto por semana, entretanto, não era algo ruim, era um show bem consistente, mas já estava começando a ficar um pouco enjoativo, pois eram Onis fracos, até que chega o ep 19. Esse Episódio foi um marco para mim, foi um dos episódios mais bem dirigidos que eu já vi, a arte, a animação, a adaptação do roteiro pela Ufotable, a direção feita em cima de uma OST linda que fora feita para aquele episódio. Tudo simplesmente ressoava em uma harmonia tão linda que o anime chegou nos Trending Topics do Twitter naquele final de semana, do dia 10/08.



Terceiro, a trilha sonora. Esse é um dos aspectos mais importantes para mim quando eu quero ficar vidrado em uma cena. A trilha sonora é uma das coisas que mais me chama a atenção em um anime, e Kimetsu não deixa a desejar. A Opening como a maioria dos animes é chamativa e você se vicia nela por um tempo. A trilha sonora de combate, muitas vezes utilizando instrumentos característicos do japão, como os tambores do Taiko ou as flautas de bambu, além de harpejos do Koto. As trilhas de combate, das cenas animadas, das cenas emotivas são muito boas, é um anime que realmente sabe usar todos esses aspectos.

Quarto, a História. Normalmente eu não sou uma pessoa muito crítica quanto a fatos históricos pois muitos animes distorcem eles justamente para tornar mais divertido, como Youjo Senki, que ao invés de possuírem duas grandes guerras como foi na vida real, estão tramando uma exatamente no intervalo entre as duas que tivemos na terra, fazendo claras referências as nações da época, misturando armas e políticas e estratégias de ambas. Entretanto Kimetsu tem uma pegada muito mais fiel ao período histórico, mexendo muito com o folclore e a cultura japonesa. A obra se passa no período Taisho (1912 - 1926), ou seja, é algo recente, entretanto mostra bem o choque cultural que havia naquela época. Com o final do período Edo no Japão e a entrada da era Meiji, a ilha ao leste chinês passou por enormes transformações. O príncipe japonês queria transformar seu país em um país a nível europeu, investindo muito em ferrovias, em indústrias, e a cultura estava se transformando em algo mais oriental, incluindo a vestimenta. Essas mudanças ficaram claras nas metrópoles, entretanto em regiões rurais não era tão evidente, e isso pode ser visto até hoje. Nesse contexto entra a história do Tanjiro, sua família trabalhava próxima a uma cidade pequena, moravam no topo de uma montanha e trabalhavam vendendo carvão. Todos andavam de Kimono pelas ruas. Quando vão para Tokyo, ficam abismados pelos arranha-céus e as mudanças daquela grande cidade. É possível notar que a vestimenta das pessoas também muda, ainda há os kimonos entretanto há uma quantidade muito maior de pessoas usando rupas europeias, como ternos, sobretudos, blazers e chapéus e as mulheres usando também sobretudos e chapéus. Era um período bem misturado e acredito que eles conseguiram retratar de uma maneira bem interessante esse choque cultural.



Além disso, entra a questão do folclore. Oni, em uma tradução para o português seria algo como demônio, mesmo sendo um nome que não necessariamente representa o Oni Kanabou folclórico, com chifres e um porrete além de ter uma pele vermelha, mas apresentam um papel semelhante. Amedrontam pessoas na terra, procurando nas montanhas, em povoados e lugares distantes. Além disso, o senhor Urokodaki, mestre do Tanjiro, usa uma máscara de um Tengu. Essas criaturas são derivadas do folclore chinês, assim como os Onis, e vieram por intermédio budista ao Japão. Os budistas acreditam que os Tengus são criaturas malígnas e ficam pregando peças nos monges e ficavam raptando crianças nas florestas e montanhas, entretanto a partir do período Edo, os xintoístas começaram a venerar os Tengus como criaturas que guardavam as montanhas, protegiam as crianças que se perdiam nessas regiões, e eram guardiões dos seus templos. Além disso, os Tengus sempre foram exímios espadachins segundo o folclore japonês, inclusive ensinando grandes guerreiros japoneses (que realmente existiram), a terem a arte mais fina de combate.



O que eu posso dizer é que a Ufotable deu um carinho tão especial para essa história que conseguiu superar o mangá em diversas maneiras. O mangá tem suas partes boas, entretanto o anime ficou muito melhor, e total mérito ao estúdio, por que o mangá fica longe de ser algo ruim. Toda a ligação histórica e cultural vem do mangá, os personagens, a trama que aparentemente tem um bom caminho pela frente, tudo se encaixa muito bem. Os personagens que você cria uma enorme empatia desde o começo. A escritora fez um bom trabalho, e a Ufotable foi capaz de pegar um bom mangá e transformá-lo em algo simplesmente único. Fico feliz de ter acompanhado esse anime desde o primeiro episódio, e se era um anime que tinha muita coisa para ser sólido, o episódio 19 foi algo que o marcou na minha vida. Então como eu disse, tente tirar um pouco do seu tempo para ver esse anime, você não se arrependerá.



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